O reajuste de 40 centavos do litro do diesel nas refinarias vai provocar um efeito em cascata em produtos e serviços do dia a dia do brasileiro, pressionando ainda mais a inflação. É o que alertam economistas e representantes de setores produtivos.
Professor da Universidade Feevale e economista, José Antônio Ribeiro de Moura lembra que o aumento no valor do diesel nunca afeta somente motoristas. "Impacta nos fretes, produtos de modo geral. Afeta serviços como transporte público, pressiona o preço dos alimentos, já que aumenta o custo de produção e de escoamento", resume.
Pressão nos alimentos
Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo adianta que o impacto nas gôndolas será proporcional ao reajuste do frete, que representa, em média, 3% do custo dos produtos nas prateleiras. Mas no caso dos alimentos, o diesel afeta ainda mais, já que o combustível é usado em máquinas e equipamentos.
"Somos altamente produtivos hoje por conta da tecnologia embarcada em máquinas, que precisam de energia ou óleo diesel. Quando aumenta o valor do combustível, isso onera todas as fases de produção de alimentos, desde o preparo do solo, plantio, colheita, armazenagem até chegar no escoamento", observa o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.
Inflação
A situação deve inflacionar ainda mais o preço da comida, que já se encontra nas alturas. Pesquisa divulgada na última sexta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que o valor da cesta básica no mês de abril em Porto Alegre ficou em R$ 780,86, uma variação de 6,34% em relação a março e de 24,72% no acumulado de 12 meses.
O novo reajuste no diesel deve pressionar ainda mais os preços, comprometendo o poder de compra do trabalhador. Atualmente, os produtos da cesta básica vendidos na capital dos gaúchos custam quase 70% do valor do salário mínimo.